
Recebi hoje a notícia de que a Polícia Militar estaria confeccionando diretamente nos tablet instalados nas viaturas policiais o RDO – Registro de Digital de Ocorrência do Sistema da Polícia Civil. Para o registro de ocorrência não mais há a necessidade de se dirigir a uma unidade da Polícia Civil, assim como não há mais a necessidade da presença do Delegado de Polícia ou Escrivão de Polícia. O registro é diretamente inserido no sistema da Polícia Civil e encaminhado eletronicamente a unidade da área.
Entendo que esta medida pode agilizar o registro, uma vez que a Polícia Militar não só deixará de apresentar as ocorrências diretamente nos plantões da Polícia Civil (quase sempre sem policiais para atender a atual demanda e as necessidades do contribuinte), bem como realizar o registro em dois sistemas diferente – PM e PC.
Em um primeiro momento, pode parecer uma atividade a menos, uma vez que os policiais podem se ocupar com o esclarecimento e diligências, assim como priorizar o inquérito policial. Muitos colegas acham que se a PM fizer o RDO as escalas de plantão poderão acabar. Mas é desta forma que a importância da instituição perante a sociedade vai acabando. Qual a finalidade de uma instituição que perde a cada dia uma de sua principal atribuição?
De certa forma, os RDOs já são feitos pela internet, não sendo necessária a orientação de policiais para o registro. Mas ainda assim, eles precisam da validação, do contato do policial civil com a vítima para a sua inserção definitiva no sistema de RDO. Seguindo esta regra, o registro de ocorrência poderia ser terceirizado por empresas que não tenham a expertise policial.
Se seguir a lógica e a situação da instituição no momento, acredito que a Polícia Militar, através do seu reservado – P2, ocupará também a função dos Investigadores de Polícia. Daí a incorporação da PC pela PM está a um passo.
A Polícia Civil de São Paulo vive momento de fragilidade, seja por falta de efetivo para cumprir sua missão constitucional, seja por motivação salarial, falta das promoções nas classes ou pelas incertezas com a mudança no regime de aposentadoria.
Essa situação atual de caos na Instituição, de fragmentação de suas atividades e desmotivação profissional, a meu ver, não pode ser somente pela crise financeira e política que passa o país. Estamos sendo esquartejados dia a dia. Chegará o momento que seremos apenas uma lembrança do passado. E o nossos administradores e gestores, o que acham da situação atual da Polícia Civil paulista?
Convenhamos que a crítica que faço não é à Polícia Militar, eles apenas estão ocupando um espaço deixado pelos nossos administradores. O mundo está em constante mudança e a tecnologia hoje permite que se possa fazer desta forma. A Polícia Civil é que ainda não se atentou a isto.
Era o que tinha a informar.
Marcos Gonçales

Desde que a PM abrace os IPs que estão em meu cartório eu abraço a ideia.
O mais engraçado é que na hora de sentar na maquina pra elaborar o registro, sobra somente para o escrivão. Ninguém quer fazer. Ninguém pensa, nessa hora, o que a instituição esta perdendo.
Eu tenho dito há muito tempo que a Polícia Civil não vai se extinguir, mas talvez seja incorporada pela Polícia Militar. O motivo? Creio que não seja somente pelo motivo postado por você, caro colega Marcos: Vejamos: “A Polícia Civil de São Paulo vive momento de fragilidade, seja por falta de efetivo para cumprir sua missão constitucional, seja por motivação salarial, falta das promoções nas classes ou pelas incertezas com a mudança no regime de aposentadoria”. Há outros…